segunda-feira, 11 de abril de 2016

[Artigo traduzido] 8 coisas que você provavelmente não sabia sobre Richard, o Coração de Leão

Se fosse pedido às pessoas que passassem na rua de qualquer cidade européia para que nomeassem um rei inglês, provavelmente muitos responderiam "Richard, o Coração de Leão". 



Richard I é lembrado por ter sido um rei generoso, por ter guerreado com Saladino durante as Cruzadas e ter se rebelado contra seu pai, Henry II. Seu nome se tornou uma lenda inglesa e existem inúmeros retratos deste rei nos livros e filmes através dos anos. 
Aqui, escrevendo para o History Extra, Douglas Boyd revela oito coisas que você talvez não saiba sobre o Coração de Leão e o tempo em que ele viveu... 

1) Apesar de ter nascido na Inglaterra, Richard não falava inglês 

Richard nasceu em Setembro de 1157 no lugar que é conhecido como ‘the King’s Houses’, um palácio construído por seu bisavô, Henry I, fora do portão nortenho da cidade de Oxford porque era perto o bastante para cavalgar dali até sua torre de caça em Woodstock. Atualmente, encontra-se perto de Worcester College, o palácio foi demolido, mas existe lá uma placa comemorativa no lado norte da Beaumont Street que recorda sua existência e a possibilidade que dois reis da Inglaterra tenham nascido lá:  Richard I e seu irmão mais novo, John. Entretanto, Richard não passou muito tempo na Inglaterra e ele pode nunca ter aprendido a falar inglês. Durante todo seu reinado, ele passou não mais que seis meses ao norte do canal. 

2) Houve uma notável divisão social na Inglaterra

Naquela época,  metade da Inglaterra era povoada por cerca de 200 famílias Anglo-Normandas (e o resto pela coroa e Igreja). No século desde a Conquista Normanda, seguidores de William, o Bastardo e seus sucessores casaram-se com mulheres de famílias nobres Anglo-Saxãs para formar uma aristocracia nova e que utilizava o francês como idioma principal. Suas riquezas e até mesmo sua alimentação vinham do trabalho exaustivo de seus servos nativos, alguns dos quais subiram para a nobreza. 
Traços das divisão racial e social dessa época ainda existem na Inglaterra moderna. Para os animais vivos, arrebanhados, cuidados, ainda são conhecidos pelos nativos como sheep (ovelha), calf (bezerro), cow (vaca) and swine (porco). Para as carnes cozidas servidas na mesa, que apenas os senhores falantes da língua francesa eram permitidos comer, nós usamos os termos franceses equivalentes: mutton (carneiro), veal (vitela), beef (carne bovina) and pork (carne suína).
O que era ainda mais cruel é que a população inglesa mais pobre era proibida de caçar animais selvagens nas florestas como alimento,  nem mesmo recolher lenha para o inverno lá. Alguns nomes modernos conhecidos contam essa história: Cannock Chase (uma floresta) em Staffordshire é assim nomeada porque ‘chase’  (perseguir) vem da palavra francesa chasse, que significa 'caçar'. Era originalmente um território fechado, onde o jogo era reservado para o prazer dos senhores. Um camponês desafiou estas "leis florestais para a proteção da vegetação e carne de veados" e arriscou um longo tempo na prisão - ou até mesmo a morte. 
3) Richard foi prometido aos 9 anos de idade
Aos nove anos, Príncipe Richard foi prometido à Princesa Alys, também com nove anos, filha do rei francês Louis VII. Ela era um peão na luta pelo poder entre a Dinastia Plantageneta que governou a Inglaterra – e uma boa parte da França – e a Dinastia Capetiana em Paris. O pai de Richard, Henry II da Inglaterra, era também Conde de Anjou e Duque da Normandia – títulos que futuramente Richard herdaria. A mãe de Richard, Eleanor, era a Duquesa de Aquitânia. Então os dois eram praticamente vassalos do rei Louis VII por possuírem territórios franceses. 
Assim, Henry II enganou o fraco rei Louis VII em entregar sua jovem filha, prometendo que ela se casaria com Richard quando tivessem idade. Como a maioria das promessas de Henry, esta nunca se concretizou, resultando na pobre Alys sendo mantida como prisioneira por 25 anos e durante parte deste tempo sendo usada como amante por Henry II.  

4) Richard não estava disposto a se casar e produzir um herdeiro 

Quando Richard sucedeu seu pai no trono aos 31 anos, em 1189, ele tinha a obrigação de ser pai de um herdeiro para o reino para evitar o tipo de caos que se seguiria quando ele morreu sem filhos e seu irmão John o sucedeu no trono, dez anos após sua coroação. 
Mas a falta de interesse de Richard por mulheres e sua falta de vontade de se casar com qualquer uma da longa lista de princesas elegíveis fez com que o papel da rainha em sua coroação fosse feito por sua formidável mãe, Eleanor de Aquitânia, a única mulher nobre pela qual ele já demonstrou qualquer consideração.  
5) Richard conheceu o lendário Robin Hood?
Se Richard conheceu o lendário fora da lei Robin Hood na Floresta de Sherwood, não sabemos, ainda que os cinéfilos o chamem de ‘Richard do Último Minuto’ porque ele aparece no final de todos os filmes de Robin Hood como um herói e, supostamente o vitorioso monarca cruzado voltando para punir o traiçoeiro príncipe John e o perverso Sherriff de Nottingham. 
A verdade é que, tendo insultado e alienado a maioria de seus aliados cristãos na cruzada contra Saladino, Richard era incapaz de voltar para seu reino exceto se esgueirando disfarçado pelo território do Duque da Aústria, um  dos muitos inimigos que ele fez na Terra Santa. Quando capturado, foi entregue ao Imperador Alemão, que exigiu um enorme resgate para sua liberação e a lenda duradoura do "Bom Rei Richard" originou uma campanha de relações públicas feita por Rainha Eleanor para persuadir os cidadãos do império Plantageneta a desembolsar o resgate.  
 6) Os torneios eram realmente tão cavalheirescos? 
Os torneios durante o período em que Richard viveu não eram um ritual ordenado como se tornariam mais tarde, com moças nobres assistindo dois cavaleiros lutarem separados, um tentando derrubar o outro com sua lança O mêlée do século 12, como era chamado, era com dois times de cavaleiros pesadamente armados um contra o outro com qualquer arma que eles gostassem em uma competição sem regras e com possibilidade de ferimentos letais. 
A pintura dos emblemas nos escudos foi originalmente criada para para que os cavalheiros de um mêlée reconhecessem seus próprios colegas de time. O nome Plantageneta veio do hábito do avô de Richard, Conde Geoffrey de Anjou,  de usar um raminho de uma flor amarela – genêt em francês – em seu capacete como um visível símbolo para ser reconhecido. Frequentemente acontecia o choque da colisão frontal entre dois cavaleiros, quebrando as hastes de madeira de suas lanças, as lascas penetrando nas fendas dos olhos de seus capacetes, o que cegava-os.
Na batalha e na mêlée, um cavaleiro sem cavalo arriscava ser pisoteado até a morte pelos cavalos, o que aconteceu com o irmão de Richard, príncipe Geoffrey.  Cavaleiros  feito reféns em uma mêlée eram libertos após pagarem um resgate aos seus captores, que era calculado de acordo com sua posição e fortuna. Então, Richard não via nada de errado com seus súditos desembolsarem com impostos exorbitantes para pagar o resgate de alguém tão importante quanto seu rei. De fato, isso quase faliu seu reino pela segunda vez em seu curto reinado que acabou em 1199. 

7) Richard passou a maior parte de sua vida na guerra

Para entender o pensamento de Richard, nós temos que levar em conta que, como muitos cavaleiros nobres, ele passou sua vida toda na guerra.  A ideia de cavalheirismo e proteger o pobre não existia no século 12, quando os cavaleiros queriam mostrar seu poder incessante não em batalhas contra um inimigo, mas estrategicamente pelo abate de camponeses indefesos, mulheres e crianças, queimando suas casas humildes, devastando seus campos, cortando seus pomares para trazer a fome para os sobreviventes, assim, privando seus inimigos da base de apoio que finciava sua forma improdutiva de vida. Era, utilizando uma expressão moderna, uma guerra geral –  uma ideia que a Igreja lutou contra, mas não conseguia parar. 
8) Richard transformou seu cozinheiro em cavaleiro 
Em uma explicação mais clara: naqueles tempos de pouca higiene, o cozinheiro era um membro importante de uma família nobre porque seus erros poderiam matar seu empregador. Depois de um festim particularmente memorável, que deixou Richard de incrível bom humor, ele impulsivamente transformou seu cozinheiro em cavaleiro, fazendo-o ‘senhor do feudo das cozinhas dos condes de Poitou’. Levanta-te, Sir Cozinheiro!

*Artigo traduzido por Dinastias Inglesas. O conteúdo original pertence ao site History Extra e pode ser conferido aqui.

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