Elizabeth I é uma das figuras mais icônicas na história. Ela era a
“Gloriosa” da Inglaterra – a rainha virgem que se viu casada com seu país e
trouxe quase meio século de estabilidade depois dos curtos e tumultuosos
reinados de seus irmãos.
Cabelos flamejantes, rosto alvo e ricamente vestida, Elizabeth possuía o
carisma natural de seu pai, Henry VIII, e era querida pelas pessoas. Seu melhor
momento foi em 1588, quando ela derrotou exércitos da Espanha, impulsionando-a
em um status legendário.
Ainda assim, apesar de tudo que sabemos sobre Elizabeth, aqui estão
alguns fatos que podem surpreender você:
1) Elizabeth nunca deveria ter sido rainha
Embora Elizabeth seja lembrada atualmente como uma das maiores monarcas
inglesas, ela nunca deveria ter chegado perto do trono. Ela não era apenas uma
menina em uma época que a linha de sucessão era favorável a meninos, mas ela
tinha uma irmã mais velha, Mary. Elizabeth também foi removida da linha de
sucessão quando o casamento de seus pais foi declarado inválido perante a
execução de Ana Bolena e apenas foi restaurada graças a gentil intervenção de
sua última madrasta, Catarina Parr.
Quando Henry VIII faleceu, porém, Elizabeth era a terceira na linha de
sucessão do trono, atrás de seu irmão mais novo, Edward e sua irmã mais velha,
Mary. É uma das maiores ironias da história que Henry VIII tenha sido tão
obcecado com um filho homem e seu único menino tenha reinado por apenas seis
anos, morrendo de tuberculose aos 15 anos de idade. A segunda na sucessão,
Mary, também não se saiu muito bem como rainha. Seu breve e catastrófico
reinado acabou após cinco anos. Era a vez de Elizabeth mostrá-los como deveria
ser feito.
2) Elizabeth era apegada à sua mãe
Existe um comum equívoco que Elizabeth pensava pouco em sua malfadada
mãe, Ana Bolena. O fato de que ela raramente falava dela e guardava todas as
suas orações para seu pai adorado, Henry VIII, frequentemente levou todos à
conclusão de que ela se sentia vergonha de Ana. Mas pelo contrário: Tudo isso
apenas prova o quão pragmática Elizabeth era. Ela não desejava alienar seus súditos
por expressar abertamente seu amor para a mulher que ainda era injuriada como
“A Grande Prostituta”. Ao invés disso, Elizabeth escolheu formas mais sutis de
demonstrar sua afeição. Por exemplo, quando posou para um retrato em sua
adolescência, ela usou o famoso pingente “A” de sua mãe em um colar em seu
pescoço – um golpe audacioso que teria deixado-a em águas tempestuosas caso seu
pai a tivesse flagrado.
Como rainha, Elizabeth certificou-se que todos os parentes de sua mãe
fossem promovidos à melhores posições na corte e ela até mesmo chegou a usar um
colar, na qual o pingente continha uma miniatura de um retrato de sua mãe atrás
de seu próprio retrato.
3) Elizabeth gostava de dar apelidos aos seus cortesãos
Elizabeth era famosa por flertar como sua mãe, Ana Bolena. Ela amava
estar cercada pelos homens mais belos da corte e também gostava de ser
entretida por vários príncipes estrangeiros, todos esperando por sua mão em
casamento. Ela usou sua feminilidade para trazer uma corte dominada por homens
de joelhos aos seus pés e dar apelidos brincalhões aos seus favoritos. Seu
ministro-chefe, Burghley, era chamado de seu “espírito", e seu suposto
amante, Robert Dudley, Conde de Leicester, foi seus “olhos”. E de uma forma
mais insolente, ela chamava François, Duque de Anjou, de seu “sapo”.
4) Elizabeth usou táticas sujas para ofuscar suas rivais
Elizabeth era a abelha da rainha da corte. Mas, ainda que no início de
seu reinado ela tivesse sido a noiva mais desejada na Europa, seus encantos
físicos passaram a ficar esquecidos em meio às suas táticas sujas para garantir
que ela tinha todas as atenções masculinas para si mesma. Assim, enquanto Elizabeth aparecia na corte
enfeitada por vestidos luxuosos, de tecidos ricos e cores vivas, suas damas
eram obrigadas apenas a vestir branco ou preto. Não importava o quanto elas
fossem atraentes, deveriam se colocar em seu lugar para que todos os olhos
fossem postos apenas na estrela do show. Para testar o efeito que esse ato
criou, uma vez a rainha perguntou a um nobre visitante francês o que ele achou
de suas damas. O homem imediatamente protestou que ele não poderia “julgar as
estrelas sob a presença do Sol”. E esta era exatamente a resposta que Elizabeth
queria ouvir.
5) Elizabeth I demorava mais
tempo para se arrumar que qualquer outro monarca
Elizabeth era sempre perfeccionista com sua aparência, mas o ritual de
vestir a rainha tornou-se cada vez mais elaborado conforme a idade ia chegando
para ela: levava quatro horas por dia para que suas damas terminassem o ritual
de vestir e despir a rainha.
Ela originalmente usava perucas que combinavam com seu próprio cabelo,
mas quando envelheceu, estas eram utilizadas para esconder seus cabelos
grisalhos. Ao mesmo tempo, nunca foi tão aplicado em uma rainha tantas camadas
de maquiagem para completar a tão conhecida “máscara da juventude”. Seu rosto,
pescoço e mãos eram pintados com ceruse (uma mistura de chumbo branco e
vinagre); seus lábios eram pintados com uma pasta vermelha feita de cera de
abelha e plantas e seus olhos eram delineados com Kohl.
Ironicamente, a maioria desses cosméticos faziam mais danos à pele que a
idade poderia ter feito. Ceruse era particularmente corrosivo e um
contemporâneo da época observou com desagrado: “Aquelas mulheres que usam isso
em seus rostos se tornam rapidamente enrugadas e grisalhas porque esses
rapidamente secam a humidade natural de sua pele”. Mas, Elizabeth insistia em
continuar com esse e outros cosméticos perigosos e só deixava algumas das suas
damais mais confiáveis ver sua pele de forma natural.Quando o famoso Conde de
Essex entrou em seu quarto antes de Elizabeth estar totalmente vestida e
maquiada, ele ficou tão chocado sobre sua aparência abatida que secretamente
apelidou-a de “carcaça torta” para seus amigos. Elizabeth descobriu e diz-se
que ela cortou sua cabeça como vingança – embora sua rebelião contra ela [em
Fevereiro de 1601] provavelmente teve algo a ver com sua morte também.
6) Elizabeth pode ter sido um homem (!)
Embora ela tenha ficado conhecida na história como “A Rainha Virgem”,
era altamente esperado que Elizabeth se casasse. Mas como ela continuou a
resistir a pressão de seus conselheiros em escolher um marido, rumores
começaram a circular de que existia uma razão secreta por trás de sua decisão
de não se casar.
Um dos mais populares era que Elizabeth tinha algum “problema feminino”
que a impedia de conceber herdeiros. Este ganhou tanta repercussão que um
embaixador estrangeiro chegou a subornar as lavadeiras da rainha para que
observassem o estado de seus lençóis para descobrir se seu ciclo menstrual era
normal.
Já o outro rumor era extremamente o oposto. Existia uma teoria de que o
motivo real para que Elizabeth não se casasse era de que ela era, na verdade,
um homem. De acordo com a história de “Bisley Boy”, a verdadeira Elizabeth
morreu quando ainda era menina e foi substituída pela única criança ruiva que
foi encontrada. O fato de que ele era um menino foi inconveniente, mas ele
passou o resto de sua vida se vestindo como uma mulher para continuar com a
pretensão.
A teoria de Bisley Boy foi a mais duradoura e que se difamou, ainda que
não tivesse nenhuma evidência que comprovasse sua veracidade.
7) Elizabeth é uma estrela do cinema!
Elizabeth tem sido retratada mais frequentemente em filmes e na
televisão que qualquer outro monarca britânico. Primeiro foi representada por
Sarah Bernhardt em Les Amours de la Reine Elisabeth (1912), depois Bette Davis
interpretou-a por duas vezes – primeiramente em The Private Lives of Elizabeth
and Essex (1939) e depois novamente em The Virgin Queen (1955).
Muitas outras atrizes vieram depois, incluindo a icônica representação
feita por Glenda Jackson na série televisiva da BBC Elizabeth R (1971). Talvez
inspirado pela lenda de Bisley Boy, um homem foi uma vez selecionado para
interpretá-la em 1992. Mais recentemente, Cate Blanchett nos deu uma distinta e
não virginal Elizabeth nos filmes de 1998 e 2007, enquanto Judi Dench ganhou um
Oscar por seu breve, mas brilhante papel em Shakespeare in Love (1998). Helen
Mirren assumiu o papel com desenvoltura na minissérie de tv Elizabeth I, em
2005. O viajante do tempo Doctor Who também esbarrou na Rainha Elizabeth I nos
episódios exibidos em 1965 e 2007.
*Artigo traduzido por Dinastias Inglesas, postado originalmente no site
History Extra sob autoria de Tracy Bordman.
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