quarta-feira, 23 de março de 2016

[Artigo Traduzido] Os 5 grandes mistérios por trás da Guerra das Rosas


É um dos períodos mais estudados na história britânica e a inspiração para a famosa série Game Of Thrones. Mas a Guerra das Rosas é apenas cheia de incertezas, contestações e debates. Aqui, Dan Jones, apresentador da série Britain's Bloody Crown, do novo Canal 5, baseado em seu livro The Hollow Crown, explora o top 5 de questões não respondidas. Deixe-nos pensar que você sabe que as respostas são... 


The Young Princes in the Tower, 1831, by Paul de la Roche (1910). (Photo by The Print Collector/Print Collector/Getty Images)

5) O que realmente estava errado com Henry VI? 


Henry VI (1422–60  e 1470–71) foi, sem sombra de dúvidas, o rei mais incompetente de toda a linhagem Plantageneta, e seu benigno, mas desastroso reinado iniciou a série de conflitos que chamamos de Guerra das Rosas.  

A crise aconteceu em 1453, quando Henry pareceu sofrer algo próximo à um colapso mental. Ele parou de responder às pessoas; ele não conseguia reconhecer sua própria esposa ou filho recém-nascido; e por muitos meses ele estava completamente impotente e completamente retirado do mundo. Um contemporâneo disse que o rei foi "golpeado com um frenesi".

A óbvia comparação era entre Henry e seu avô, Charles I da França, que sofreu longos períodos de loucura, na qual ele atacava seus cortesãos, sujando-se a si mesmo e gritando que sentia que milhões de agulhas afiadas perfuravam sua carne. 

Então a loucura de Henry era hereditária? E como nós diagnosticaríamos esta nos dias atuais? Catatônia? Esquizofrenia? Depressão severa? Diagnósticos médicos através dos séculos são muito complicados, e é muito possível que nunca seremos aptos de dizer com certeza o que o rei tinha. O que podemos saber com certeza é que a debilitação da saúde de Henry teve um terrível efeito nos dois homens (Henry e Charles) e em seus reinados, tal como seus súditos lutaram para salvar seus reinos, primeiramente, e depois roubaram o poder para eles mesmos. 


4) Os Tudors eram realmente Tudors? 

Os grandes sobreviventes da Guerra das Rosas foram uma estranha pequena família, metade galês e metade francesa, que usou o sobrenome Tidyr, ou Tudur, ou Tudor. Popularmente, foi Henry Tudor que emergeu vitorioso da batalha de Bosworth em 1485 e, como Henry VII da Inglaterra, estabeleceu a mais famosa dinastia de todas. Mas a origem sua notável família é surpreendentemente nevoenta. A primeira conexão deles com a coroa inglesa veio através da avó de Henry VII, Catherine de Valoius, viúva de Henry V e mãe de Henry VI. Como rainha viúva, Catherine causou grande alvoroço por se casar secretamente com seu servo leal, Owen Tudor. Muitos rumores românticos rodaram a respeito desta união, mas de qualquer forma, no começo do ano de 1430, Catherine deu à luz à muitas crianças que ganharam o sobrenome Tudor, sendo o mais notável, Edmund Tudor, pai de Henry VII e outro menino chamado Jasper Tudor. 
Mas eles realmente eram Tudors? Intrigantemente, pouco tempo antes de Catherine se envolver com Owen, existiu um boato de que ela estava envolvida com Edmund Beaufort, o futuro duque de Somerset, que seria morto na batalha de St Albans, em 1455. Esse rumor foi levado tão à sério que o parlamento se reuniu sobre o assunto e emitiu um decreto especial restringindo o direito das rainhas da Inglaterra de casarem-se novamente após ficarem viúvas. 


Edmund Beaufort, c1450. Engraving taken from portrait painted by Hans Holbein the Younger. (Photo by Kean Collection/Getty Images)




Foi especulado que o casamento de Catherine com o leal Owen Tudor foi contraído para encobrir seu relacionamento politicamente perigoso com Edmund Beaufort. Nesse caso, é possivel que Edmund Tudor não fosse tão Tudor assim, mas na verdade, até ganhou o primeiro nome de seu verdadeiro pai? 
O grande especialista no século 15, Gerald Harriss, fez precisamente essa sugestão em uma nota de rodapé escrita em 1988:

"Por sua própria natureza, as provas de parentesco Edmund 'Tudor' são menores do que conclusivas, mas os fatos que podem ser montados permitem a possibilidade agradável de que Edmund 'Tudor' e Margaret Beaufort [esposa de Edmund Tudor e a mãe de Henry VII] eram primos de primeiro grau e que a casa real 'Tudor' espalhou-se de fato a partir Beauforts em ambos os lados".

Isso não seria interessante? 

3) Quem era a verdadeira esposa de Edward IV? 

Os livros de história costumam contar que a esposa de Edward IV foi Elizabeth Woodville (ou Wydeville). Isso é um fato delicioso: quando Edward casou-se com Elizabeth em 1464, ela era da nobreza mais humilde, uma viúva com dois filhos de seu casamento anterior e uma das súditas do rei, diferente de uma princesa estrangeira. O que foi a escolha de Edward para rainha desapontou seu mais próximo aliado político, o herdeiro de Warwick; isso causou problemas diplomáticos com mais de um país; e irritou um número significativo de outras famílias nobres da Inglaterra. 

Mas nada causou mais problemas do que a sugestão que Edward IV tinha, de fato, casado com outra pessoa. Seguindo a morte do rei em 1483, seu irmão, Richard, duque de Gloucester, afirmou que, antes do casamento com Woodville acontecer, Edward IV havia prometido casar-se com Lady Eleanor Boteler, filha do famoso soldado John Talbot, herdeiro de Shrewsbury. 


Elizabeth Woodville, 1463. (Photo by The Print Collector/Print Collector/Getty Images)

Em 1483, Richard argumentou que por Edward ter prometido casar-se com Lady Eleanor, consequentemente, não seria legal o casamento com Elizabeth Woodville. Isso fez com que a união dos dois fosse inválida e seus filhos bastardos. 

Esta reinvindicação foi a base para que Richard usurpasse a coroa. Ele determinou que o jovem filho de Edward IV e seu sucessor, Edward V, era ilegítimo. Ao invés do sobrinho, tomou a coroa para si mesmo, como Richard III. 

Mas isso era verdade? Convenientemente, em 1483 o caso não poderia ser propriamente comprovado, tendo em vista que Lady Eleanor havia morrido há 15 anos. Mas hoje, aqueles que buscam reabilitar a reputação de Richard III, frequentemente contam com o argumento de "pré-contrato" para defender suas ações. 

2) Richard III realmente assassinou os príncipes da Torre?

Talvez o maior mistério de todos e, certamente, a questão mais provável para iniciar uma briga entre qualquer grupo de medievalistas. Por séculos o nome de Richard III tem sido enegrecido graças a sua usurpação do trono em 1483 e subsequentemente, o desaparecimento de seus sobreinos, Edward V e Richard, duque de York - mais conhecidos como "os príncipes da Torre". 

Os garotos realmente morreram? Se sim, quem foi o culpado? Richard mandou matá-los? Ou eles morreram de causas naturais? Existia mais alguém que os queria mortos? Se sim, quem? Poderia ser, como uma fonte contemporânea sugeriu, que em algum momento de Richard, aliado ao oleoso e irresponsável Henry Stafford, duque de Buckingham, foi a força motriz por trás de mortes dos meninos? Ou havia uma conspiração ainda mais sinistra, talvez envolvendo mãe astuta de Henry Tudor, Margaret Beaufort?

Leitores do meu livro "The Hollow Crown" (2014) saberão como eu posiciono sobre isso, e você pode descobrir mais ao assistir o terceiro episódio de "Britain's Bloody Crown", no Canal 5. Mas eu não pretendo que o caso seja fechado. Para muitos "Richardianos", a acusação de assasinato dos príncipes da Torre é odiosa e injusta, apontada para um monarca gravemente mal entendido... De que lado você está?

1) Perkin Warbeck foi realmente Richard IV?

Um jovem estranho com um nome ainda mais estranho, Perkin Warbeck é geralmente descrito como um "pretendente" ou um "impostor". Quem era ele realmente?

Nós costumamos pensar que a Guerras das Rosas terminou em 1485, na batalha de Bosworth. Na verdade, a ameaça de uma revivida guerra dinástica para colocar um rei Yorkist de volta ao trono inglês assombrou a Inglaterra profundamente nos anos Tudor - bem na década de 1520, na verdade.

Um dos períodos mais perigosos foi os anos de 1490, quando a ameaça de histórias sobre um yorkista espalhadas pelo continente perturbou seriamente o frágil regime Tudor. Durante vários anos, a figura dessas histórias era um jovem que afirmava ser Richard, duque de York - o mais jovem dos príncipes na torre. Se ele fosse coroado, ele teria tomado o trono como rei Richard IV. 


Perkin Warbeck, c1495. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)

É fácil zombar dessa história, nos dias atuais, mas naquela época, o suposto Richard IV teve sério apoio de governantes da Holanda, França, Escócia e do Sacro-Império Romano e tentou várias invasões através do mar da Inglaterra. 
Acontecimentos vieram à tona em 1497, quando o pseudo-Richard finalmente conseguiu pisar na Inglaterra e juntou-se com rebeldes no oeste do país. Ele foi capturado e levado perante Henry VII, onde ele confessou que não era, de fato, Richard duque de York, mas o filho de um comerciante franco-flamengo, um agitador e uma marionete dos inimigos do regime Tudor.

No começo, Henry VII foi misericordioso, mantendo Warbeck na corte e fazendo-o desfilar em público para garantir às pessoas de que ele não era Richard, duque de York. Mas essa situação de paz não durou por muito tempo. Em 1498 Warbeck escapou. Ele foi recapturado e colocado na Torre de Londres. Mas enquanto ele foi pego, estava tramando ainda mais contra a coroa, desta vez com outro requerente Yorkista, Edward, conde de Warwick. Mais uma vez a trama foi frustrada e em 1499, Warbeck foi forçado a confessar novamente ser um impostor e foi enforcado em Tyburn. 

No entanto, a dúvida permanece. Warbeck foi um pretendente? Ou foram suas confissões feitas sob pressão? As tramas contra Henry VII tem mais do que um sopro de uma armação sobre eles: será que realmente foi o jovem Richard, duque de York, envolvido em um pesadelo por Henry VII e forçado a negar seu direito de nascença? Muitos historiadores diriam que não. Mas a possibilidade permanece tentadora o suficiente para considerar...

*Artigo traduzido por Dinastias Inglesas. O conteúdo original pertence ao site History Extra e pode ser conferido aqui. 

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